domingo, 29 de agosto de 2010

as palavras que custam dizer.



não é preciso sequer rebobinar muito a cassete para chegar a um momento em que estas teimaram em não sair.

por vezes desejava que fosse fácil falar. não ficar emaranhado no novelo de pensamentos que naquele momento envolve toda a minha mente. puxo, repuxo, penso. penso demasiado. bloqueio. congelo e acabo por não dizer.

quando estou contigo sorrio, falo, partilho (...) mas há sempre coisas que ficam por dizer. porquê? isso não sei, ninguém sabe. a minha boca paralisa e, por momentos, a fala congela.

um dia espero conseguir dizer-te tudo o que gostava mas, para já, há palavras que custam dizer.

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Espelho, espelho meu.



Vagueio-me pelas ruas frias, cinzentas e monótonas da cidade. Olho em volta e tudo me parece igual. Com um olhar mais atento reparo num brilho, um brilho único, como nunca tinha visto. Aproximo-me dele, furando a massa de gente que pelas ruas caminhava, deparando-me com um espelho, um grande e bonito espelho que me fazia lembrar a minha doce e feliz infância. "Que crime!" - disse eu, quando reparo que todo ele está desfeito em mil e um bocados. Fico a olhar para ele, focado em todos os seus belos pormenores - as suas linhas, a sua forma e, claro está, o seu brilho intenso que me ofuscava. Aquele brilho parecia que me hipnotizava, parecia que me queria dizer qualquer coisa, que queria falar comigo em primeira pessoa. Ali estava eu, como se congelado e não me conseguia mexer. A multidão de gente tinha-se transformado numa grande, espessa e densa nébula. Esfreguei os olhos e vi algo reflectido em todos os mil e um pedaços daquela obra de arte. Todos eles, cada um deles, de forma única mostravam um sorriso, um olhar, uma expressão, um momento e um pedaço de alguém - alguém que eu queria descobrir.

Comecei a juntar todos os cacos, pedaço a pedacinho, como se de um puzzle se tratasse. Bocado ali, bocado acolá e a imagem começou a surgir. Fiquei ali, no meio da rua e de costas curvadas, à procura da pessoa que se escondia por detrás do espelho. "Acabei!" - gritei eu, ficando novamente congelado e num estado de silêncio gélido depois de ter visto a imagem final daquele puzzle de cristal. Sim, eras tu.

Para qualquer lado que vá vejo-te reflectida em tudo.

Afinal o espelho não passava de um espelho, admito que belo, mas não passava disso. A origem de todo aquele brilho, daquele "frio na espinha" e toda aquela multidão de sentimentos em mim... eras tu!

Tu és o reflexo de mim.


Adoro-te, amiga *


(24/10/2007)

terça-feira, 20 de maio de 2008

saudades.

Tenho saudades de me ver reflectido nesses teus melífluos olhos.
Tenho saudades de ontem, do ante-ontem, de mim no teu ontem... Saudades de todos os ontem que partilhamos. Guardo-te em mim. As recordações estão como gravadas na minha retina e parece que me persegues para onde quer que vá. Tenho saudades de ti em mim.

Tenho saudades tuas. Um bocadinho mais que muito, um bocadinho menos que demais, porque o demais não é saudável e o muito insuficiente.

domingo, 18 de maio de 2008

o tempo.

O tempo é uma invenção de pessoas incapazes de amar.

quinta-feira, 27 de março de 2008

ser designer.




ser designer é ter o poder de criar, modificar, conceber.
é conseguir contornar o cliché, é ter olhos capazes de ver para além daquilo que já foi criado.
é deturpar formas e cores.

ser designer é saber olhar para o banal e conseguir ver nele o genial.
é conseguir voar mais alto, é ter um par de asas, é aprender a voar.

ser designer é ser-se diferente, é saber caminhar por terras virgens,
é saber explorar, descobrir, (re)desenhar.

ser designer é ser-se conceptual, controverso, único.
é falar e não ter medo de ouvir o eco.
é saber ouvir, é saber interpretar.

design(er).

sexta-feira, 21 de março de 2008

sons que me fazem sonhar: sabujo.





Entre palmas e assobios bato com os pés no chão
Fico com as mãos na perna bem seguro ao corrimão
Estalo os dedos por magia e deixo de soluçar
Sigo na ponta do teu rastro e começo a gostar

Vou ter contigo a qualquer lugar.

Tropeço os pés na passadeira levo o tempo a correr
Os passos fazem uma batida que o meu peito queria ter
Quantas vezes me caíram pelos dedos da mão,
Lágrimas tristes e sós por uma qualquer razão

Deixas pistas e eu vou atrás. Eu vou.

As poucas vezes que te vejo deixam marcas de arranhão
Pena é que quase nunca estás a prestar atenção
Quero ser uma surpresa sem que não estejas a ver
Pelas vezes que eu caía e não ficava a doer

Deixas pistas e eu vou atrás. Eu vou.


peixe:avião

sexta-feira, 7 de março de 2008

o ponto.


Do ponto nasce o conto.
Do conto, o ponto.
ponto.